Tuesday, August 7, 2007

Sem verdinhos não há verdinhas

Anda a ser notícia nos jornais, os casos de mães que foram despedidas durante, ou ao anunciarem, a sua gravidez. E, claro, que essas pessoas só podem ser despedidas porque têm condições de trabalho precárias: os chamados Recibos Verdes.

Já trabalhei com todas as condições (como manda a lei), com recibos verdes com todas as regalias inerentes aos quadros de uma empresa e com recibos verdes no seu melhor: toma lá o ordenado e já vais com sorte.

Embora, obviamente, ache estas histórias lamentáveis, acho que o bicho papão não são apenas os recibos verdes.

O problema é muito mais profundo do que a sua má utilização. Neste caso temos MESMO de culpar o estado.

Os recibos verdes são uma forma errada e injusta de contratar, mas as leis trabalhistas em Portugal também são desactualizadas. Já vi empresas estabelecidas, multinacionais, que não andam para a frente, porque metade dos funcionários acha que o facto de estar lá há 15 anos lhes dá o direito de não fazerem nada para que aquilo vá para a frente. Ah, e se alguém discorda que os tente pôr na rua!

É um hábito (ainda) muito português de que temos de trabalhar no mesmo sítio toda a vida. Que isso nos dá estabilidade. Só que alguém que fica no emprego porque tem medo de arriscar, ou porque tem a situação garantida ali, vai ficar descontente e menos produtivo durante toda a sua vida profissional. E isso é mau para si próprio, para a empresa e para o país.

Se é verdade que uma mulher competente não deve NUNCA ser despedida das suas funções porque ficou grávida, também é verdade que uma empresa para ser lucrativa tem de ter pessoas que trabalham e dão o seu melhor.

Com isto não defendo a empresa, defendo novas formas de contratação que nos dêem direitos sim, mas deveres também. E defendo ainda que uma mãe devia ter apoios do estado para ficar em casa no mínimo 6 meses quando a criança nasce. E o seu lugar na empresa ficaria assegurado. Sabem por quem? Por alguém a recibos verdes, porque foi para isso que eles foram criados: para remunerar um trabalho temporário.

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